sábado, 18 de fevereiro de 2012

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12. Banquete de despedida





Retornamos a Colombo, num entardecer cor de lótus. Quisemos aproveitar as últimas horas no Sri Lanka passeando na esplanada de Galle, o vasto terreno à beira-mar, apinhada de jovens, crianças, velhos, famílias, barraquinhas e vendedores ambulantes. Ninguém de short, bermuda, camiseta, ou sem camisa: o lazer cingalês é sempre vestido, a pele coberta. No caminho até o cais que avança no mar, adolescentes em bando pediram para tirar fotos conosco, cada um com seu aparelho celular, e agradeceram de forma tão genuinamente cingalesa – um aperto de mão, um meneio de cabeça, um sorriso: thank you, thank you, thank you - que sentimos saudades antes mesmo de partir. À medida em que a noite foi caindo, luzes fluorescentes de todas as cores foram se acendendo, dando à esplanada uma atmosfera de parque de diversão, festa de interior. Vapores das grelhas foram subindo, cheiros apimentados aumentando, nosso apetite também. A vista de suculentas e fumegantes iguarias cingaleses, remexidas a longas braçadas em grandes tachos, disputadas por clientes alvoroçados,  aplicamos a lição de nossa guia cor-de-rosa: “se vocês sentirem que é para comer, vocês comem, se sentirem que é para beber, vocês bebem...”. Assim foi, entregamos para os deuses: levamos para casa um banquete cingalês em pratinhos de papelão – frango na brasa, arroz com especiarias, legumes na chapa, pão assado direto no fogo – e o saboreamos à mesa de nosso anfitrião, com um brinde à Colombo, viva, luminosa e barulhenta. Foi assim que nos despedimos do Sri Lanka, terra que inesperadamente nos conquistou, rumo à Índia, nosso tão esperado sonho de conquista, que dali a poucas horas passaria a ser nossa realidade. O Ano novo chegou: hora de ir para a Índia.



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